segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O segredo em psicoterapia .


 


 

Pessoas procuram psicoterapia por varias razões: porque sofrem e sabem disso, porque sofrem mas sonegam a si mesmas sua dor a aí a psique trata de fazer um barulho na mente ou no corpo suficiente para requerer escuta , ou então por encaminhamento de outros profissionais. Quando o individuo deseja ajuda temos uma porta aberta: quando não, é preciso considerar as razões para tal inibição ou resistência. A alma se esconde por trás dos sofrimentos, sua historia e a repercussão sobre o físico e a vida de relação. O cuidado da pessoa com sua privacidade é um bom começo e não significa necessáriamente oposição pois pode marcar a importância que ela dá á sua interioridade. Ao contrario do que se possa imaginar , alguém que se exponha consciente ou inconscientemente "a céu aberto", esta sim pode ter sérios distúrbios.

Sabemos que segredos guardados erroneamente funcionam como venenos e a psicoterapia oferece um espaço para a pessoa deixar de estar só com seu drama ofertando um alguém em quem confiar. Mas como confiar num estranho? Que regra é essa? De onde vem e a qual modelo serve?

A psicoterapia recebe influencias do modelo médico de atuação. Em sua prática o médico além do diploma , do código de ética oferece ao seu paciente um juramento( de Hipócrates) que abrange tanto o interesse na cura quanto o sigilo sobre o que lhe é dito. Neste sentido o sigilo médico é um principio que enobrece a doença , protege a pessoa e um destino a ser respeitado. Saúde e doença como reveladores das oscilações do viver devem ficar longe de mexericos . Pacientes mostram ao médico seu corpo , aversões , hábitos e destemperos e preocupam se com a figura do médico que os ouve até mais do que com as outras pessoas que possam saber de sua mazelas.

Sigilo é importante para a individualidade e segredos compartilhados criam intimidade por isso Carl Jung apontou para a importância do terapeuta deixar de lado pressupostos intelectuais e colocar-se a serviço da investigação junto com o paciente para que este possa confessar(este é o termo) experiências das quais muitas vezes ele se envergonhe.

Uma conexão real com a pessoa do psicoterapeuta é o que o paciente espera obter e retem sua alma até que possa sentir esta qualidade de vinculo. O mistério do processo analitico é diferente do sigilo médico. Dos vários encontros, das cuidadosas conversas , da atitude do terapeuta para com o que expõe,revela e traz á luz e da atitude do paciente ao guardar para si estas experiências , ele também faz segredo . A isto chamamos de vaso fechado , onde se cosinha uma grande transformação , no escuro e no silencio da alma quando reconhecida.Não é o diploma nem o juramento que garante o vaso fechado , é a relação entre o par terapêutico, seu propósito e devotamento.

Voltarei ao assunto oportunamente.

Denise M. Molino.